segunda-feira, 21 de maio de 2012

Nova Prata e Seu Passado

Índios guerreiros vagavam pelas matas,
senhores das terras, dos rios e cascatas.
Por entre as grimpas de lendários pinheiros
espiavam a luta em noites de calma,
espiavam os pios de soturnas corujas,
confiavam aos deuses o destino da raça.

Vós que habitastes, estas terras longínquas,
índios Coroados, uma tribo de fortes,
belezas sem par, um lençol de araucárias
tapando a terra, escondendo-a no céu,
ocultando guerreiros da ira dos deuses,
paraíso nativo de amor e nostalgia.

Um dia, distante, homens brancos chegaram.
Enlouqueceram com tudo que viram.
Tomaram posse, os índios sumiram,
os pinheiros, aos milhares tombaram,
que crime, que coisa horrível fizeram
despindo a terra de seu manto divino.

Em nome do progresso, terras loteadas.
Vilarejos surgindo, mais gente chegando.
As matas caindo. Queimadas desenfreadas.
Fazendo fumaça, as chamas subindo.
O passo glorioso, a exuberância das matas
nada mais é que um conto de fadas.

Plantas milenares em minutos cairam.
Que progresso é este? ... destruição!
Hoje o que há são reminiscências
do que houve, há menos d´um século.
Chego a pensar que as gerações futuras
farão mau juízo, dos que ontem viveram.

Esqueço o tempo, retorno ao passado,
suplico ao Senhor das verdes florestas
Mergulho nas matas e grito p´ros céus.
Que amaldiçoe a ganância dos homens,
que preserve as gralhas azuis,
os papagaios, os tucanos e todos os bichos.

Publicado na Coluna Literária, setembro de 75.

3 comentários:

  1. Lembro de cada dia em que ele escreveu.

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  2. Luiz!!!!!!!!!!!!
    Que surpresa boa, confesso que não tinha conhecimento desse talento !
    Parabéns!!!! Adorei !!!! Continues escrevendo,e publicando estou ansiosa para ler mais um, amanhã!
    Um abraço para esse casal maravilhoso !!!!

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