quinta-feira, 7 de junho de 2012

Colegas

Quando a aflição nos toma conta e quando o mundo imundo sobre nós joga seu peso; quando um mero juizo temerário nos causa profundas feridas, feridas espirituais, muito mais doloridas e sérias que as corporais; quando parece que nenhum mão a nós se estende; é nessa hora que devemos ser grandes. Nossos problemas nunca devem ser maiores que nossas aspirações. Bolas para o que pensem de nós! Que se danem os preconceitos! O que vale é nossa paz interior, é nos sentirmos bem, é sabermos distinguir as coisas boas. Para o inferno os conselhos de quem se fundamenta em meras suposições destrutivas. Sigamos nosso caminho. Cada um tem seu caminho! Cada qual espeta em seu pé  o espinho que o peso do seu próprio corpoencontrou no chão. Se batermos contra uma pedra nosso pé sangrará e o sangue rubro que ensopa a terra é nosso. Logo, nossa vida cada qual é dono. Ninguém serve para guiar ninguém. Se insistirmos nisso deixaremos nosso próprio rabo na estrada à mercê da roda da carroça que ao passar o decepará. 

Colegas, se somos racionais como insistimos em afirmar, não podemos admitir que entre nós exista colega sofrendo a mais injusta e anticristã calúnia. Se nossa imaginação faz folclores, pinta fantasias, faz julgamentos, não devemos deixar que nossa língua tome conhecimento disso. Sempre será uma temeridade e ela poderá cair em nosso interior e nos afogar. Não creio em nenhuma reza externa se nosso interior é uma negra noite de incertezas onde as procelas guiam as velas de nossa existência. 
Não adianta invocarmos a Deus se não respeitamos nosso próximo, nosso irmão. Sejamos grandes para não termos que arcar com a decepção de nossa mesquinhez. É meu desejop que cada qual encare nos olhos e que haja naturalidade nisso, sem nenhum constrangimento. 
Quando daqui me for, quero levar de cada um dos colegas, indistintamente, só o que de bom me ofereceram. Quero levar vossas alegrias sinceras, vossas tristezas contidas, vossos anseios e simpatia. Se eu não sou dono da veradde é porque ninguém o é. Mas ao menos tentei andar em meu caminho e se me machuquei foi porque assim o quis. E se tive alegrias foi porque as procurei. E se tive amigos foi porque ao lado deles caminhei sem egoísmo e sem nenhuma pretensão. Tudo que encontrei, com meus amigos reparti e o espeinho que está em meu pé só a mim deve machucar e a cicatriz que em mim deixar só a mim deve pertencer, porque, colegas, ninguém serve para ser mestre de ninguém.
Nosso tempo é curto demais diante do infinito e nossas pretensões, por grandes que sejam, não passam de uma partícula de areia do deserto da existência da imensidão do universo e de nós só restarão nossas boas ações e algumas letras, talvez, em alguma fria lápide em um lugar qualquer...
Criada em Casca, 28 de julho de 1982.

Um comentário:

  1. Lembro disto...situações em que as pessoas se preocupam tanto com a vida dos outros que acabam tornando a vida profissional uma tortura.

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