Verdes águas raivosas e espumantes
Mergulhando dos céus, nas pedras quebrando
Grandes piscinas profundas formando
Oásis celeste, prodígios fulgurantes
Trazendo emoções, natureza, amantes
Meu universo, minha catedral cantante.
Imaginem em tempos idos, remotos
Cercada de verdes e virgens florestas
Os animais todos, os índios estupefatos
Saciando a sede, índias esbeltas
Molhando a pele morena em noites de festas
E os deuses consentindo, monumentos intactos.
Deixemos o homem branco de fora
Com suas heresias, ignorante, profano
Deixemos a verde floresta, os deuses ditando
Naquele paraíso os espíritos vivendo
Os guarás em noite de lua, uivando
Protestos aos céus, os anjos ouvindo
As águas caídas das pedras, quebradas
Lambendo suas verdes margens, pedindo
Não toquem em mim, respeitem-me, imploro
Deixem os animais primitivos em mim vivendo
Deixem os índios suas mulheres divinas amando
Sem maldades, com a natureza sintonizando
Parem o tempo, congelem a imagem
Coloquem-na numa redoma de vidro
Para que, intocada para todo sempre
Permaneça viva com os sonhadores
Dos verdes tempos, dos grandes amores
Com meus mistérios... eternamente.
Luiz Bavaresco
Nova Prata, 17 de junho de 1996.